Dione Fagundes, professora da Strong afirma que os gestores devem dar o exemplo.
Grávida, de novo? Não acredito que vou segurar mais esse abacaxi!” Bradou meu gestor quando foi informado da gravidez de uma colega de trabalho. Completamente perplexa com o comentário, não aguentei e perguntei: - “o senhor nasceu da chocadeira, por acaso?”
O evento descrito acima foi real e retrata o quanto ainda falta caminharmos na direção do respeito a mulher profissional, em sua plenitude, no mundo corporativo. O preconceito e o estigma observados no dia a dia do trabalho exigem da mulher uma excelência sem fim. “E, ainda que a exigência seja cobrada para ambos os gêneros, a régua para a mulher é sempre mais alta. É como se ela tivesse que provar que é competente “apesar de ser mulher”, afirma a professora Dione Fagundes, professora de administração da Strong Business School e a pessoa que desafiou o gestor acima.
O fato é que a mulher tem se preparado melhor para o enfrentamento da competitividade no universo do trabalho e faz isso, principalmente, através do estudo. Dados da PNAD Contínua do IBGE comprovam que a mulher estuda mais, trabalha mais e ganha menos do que o homem. “Isso ratifica a envergadura do desafio a ser superado! “, enfatiza a professora que também é especialista em mercado de trabalho.
Entretanto, uma alternativa tem se mostrado promissora ao desafio da ascensão profissional não em detrimento da maternidade. É o caso do home office, na medida em que permite à mulher equilibrar (ainda que parcialmente) os dois papeis. Longe de ser o mundo ideal, porque trabalhar em casa tem “dores”, além de “delícias”, essa alternativa proporciona à mulher acompanhar mais de perto o desenvolvimento de seus filhos. O preço continua alto, pois a pandemia provou, entre outras coisas, que trabalhar em casa não significa trabalhar menos. Além de ter perdido mais o emprego que o homem, o salário das trabalhadoras também teve um reajuste inferior aos homens que desempenham o mesmo papel , segundo estudos do DIEESE.
Para a professora Dione, governos e empresas ainda têm que dar suporte como escolas e creches em horários que as mães estejam no trabalho. Não se pode cobrar que uma mulher trabalhe com 100% de envolvimento sabendo que seu filho está vulnerável. A sociedade também tem responsabilidade no cuidado com essa criança e sabemos que o déficit de creches públicas no Brasil ultrapassa 1 milhão e meio de vagas. Um relatório da Organização Internacional do Trabalho indica práticas para a primeira infância que colocam empresas, mulheres e homens na participação desse cuidado como horário flexível para pais e mães, criação de creches nas empresas ou convênios com creches particulares e incentivos para que os pais desempenhem papel mais ativo na educação de seus filhos, uma vez que, na comparação com os homens, as mulheres globalmente passam três vezes mais horas prestando cuidados não remunerados.
Um ambiente de trabalho saudável é sem dúvida a mola propulsora para uma melhor produtividade. Por melhor remuneração que uma empresa possa oferecer, sem um bom ambiente de trabalho, o funcionário apenas tolera a rotina. “Acabar com o preconceito de gênero nas empresas é missão dos gestores que todos os dias devem estar atentos, principalmente consigo mesmo. As empresas, de uma vez por todas devem acabar com a cultura do preconceito e reconhecer que as mães são trabalhadoras produtivas. E daí sim: Feliz Dia das Mães! “, desabafa a professora da Strong.
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