A leveza não tira a seriedade de nenhum profissional, mas mulheres são diariamente julgadas e têm sua competência questionada, porque ousam sorrir no ambiente corporativo. Essa noção de seriedade é que precisa ser revista.- Por Lu Magalhães.
Em uma entrevista para a consultoria McKinsey & Company, Jennifer Aaker e Naomi Bagdonas – autoras do livro Humor, Serious: Why Humor is a Secret Weapon in Business and Life (em livre tradução, Humor, sério: por que o humor é uma arma secreta nos negócios e na vida) – compartilharam alguns dos aprendizados de anos de pesquisa e condução de workshops em salas de aula sobre a teoria do humor e como ele impacta a trajetória de líderes empresariais. Como professoras da Universidade Stanford, elas conduziram um mapeamento sólido e árduo, cuja uma das conclusões é sobre a força do humor na criação de laços, para acalmar a tensão, aumentar o potencial de inovação nas equipes e reforçar a resiliência em tempos difíceis como o que estamos vivendo atualmente.
Segundo as especialistas, após ouvirem 1,4 milhão de pessoas em 166 países, uma das principais conclusões que nosso humor cai de um penhasco quanto chegamos ao trabalho. Ou seja, a maioria de nós, no ambiente corporativo, para de sorrir. É como se fosse proibido ter alegria no ambiente corporativo; como se o sorriso fosse sinônimo de que não estamos levando o trabalho suficientemente a sério. À medida que se sobe na hierarquia, o problema aumenta. E, se a profissional for uma mulher... nem preciso terminar a frase, correto?
Como executiva sorridente, inúmeras vezes tive que responder à pergunta: como você consegue ser tão leve e bem-humorada. Uma das vezes, inclusive, o questionamento veio de uma colega norte-americana que, veladamente, trazia a crítica de que o meu comportamento poderia passar a imagem de que eu poderia não ser tão competente. Ou que, como consultora, eu não estaria apta a auxiliar os meus clientes nas dores/problemas que enfrentavam. A “lógica” era que o meu bom humor prejudicava a imagem a ser construída de uma profissional altamente eficiente!
Voltando às professoras, elas salientam que o humor no trabalho não é sobre ser engraçado – mas, sobre ser humano e conectado aos colegas. Cada um de nós tem um estilo de humor que pode ser flexibilizado para caber em cada uma das situações, inclusive, no ambiente corporativo. E o bom humor pode ser produtivo. Segundo Jennifer Aaker, os líderes com senso de humor são 27% mais motivadores e inspiradores; os funcionários deles são 15% mais engajados; as equipes, duas vezes mais criativas.
Em suma, muitas das “certezas” do ambiente corporativo devem ser revistas à luz do ceticismo e da falta de preconceito. E, pesquisas como essas comprovam que é possível transformar o bom humor em um instrumento de leveza e de competência.
Lu Magalhães é presidente da Primavera Editorial, sócia do PublishNews e do #coisadelivreiro. Graduada em Matemática pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), possui mestrado em Administração (MBA) pela Universidade de São Paulo (USP) e especialização em Desenvolvimento Organizacional pela Wharton School (Universidade da Pennsylvania, Estados Unidos). A executiva atua no mercado editorial nacional e internacional há mais de 20 anos.
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